terça-feira, 4 de maio de 2010

Aprenda a chamar a "poliça"


Eu tenho o sono muito leve, e
numa noite dessas notei que
havia alguém andando
sorrateiramente no quintal de casa.


Levantei em silêncio e fiquei
acompanhando os leves ruídos
que vinham lá de fora, até ver
uma silhueta passando pela janela do banheiro.

Como minha casa era muito segura,
com grades nas janelas e
trancas internas nas portas,
não fiquei muito preocupado,
mas era claro que eu não ia deixar um ladrão ali, espiando tranqüilamente.


Liguei baixinho para a polícia,
informei a situação e o meu endereço. Perguntaram-me se o ladrão estava
armado ou se já estava no interior da casa. Esclareci que não e disseram-me
que não havia nenhuma viatura
por perto para ajudar, mas que
iriam mandar alguém assim que
fosse possível.
Um minuto depois liguei de novo e disse com
a voz calma:

-Oi, eu liguei há pouco porque
tinha alguém no meu quintal.
Não precisa mais ter pressa.
Eu já matei o ladrão com um tiro da escopeta calibre 12, que tenho
guardada em casa para estas situações.
O tiro fez um estrago danado no cara!
Passados menos de 3 minutos,
estavam na minha rua
cinco carros da polícia,
um helicóptero, uma unidade do resgate, uma equipe de TV
e a turma dos direitos humanos,
que não perderiam isso
por nada neste mundo.

Eles prenderam o ladrão em flagrante,
que ficava olhando tudo com cara de assombrado.
Talvez ele estivesse pensando
que aquela era a casa do Comandante da Polícia.

No meio do tumulto,
um tenente se aproximou
de mim e disse:
-Pensei que tivesse dito que tinha matado o ladrão.

Eu respondi:

- Pensei que tivesse dito
que não havia nenhuma
viatura disponível.
(Luiz Fernando Veríssimo)

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