Quais as chances desse amor dar certo?
:: Rosemeire Zago ::
Essa é uma das perguntas mais comuns que as pessoas se fazem quando conhecem alguém e iniciam um relacionamento afetivo. Todos nós já desejamos ter uma bola de cristal e saber qual o futuro da atual ou futura relação.
Não, não temos a bola com as respostas, mas podemos analisar alguns pontos importantes.
A queixa mais comum da causa de dor e sofrimento das pessoas ainda é no que se refere à relação amorosa. Ou porque não se amam, mas não conseguem se separar; ou porque um sente que ama mais que o outro, pois cada um demonstra o amor de uma maneira diferente, não fazendo com que o outro se sinta amado; há aqueles que apesar de sentir, nada demonstram; outros tantos, insatisfeitos com o companheiro, seja pela falta de carinho, diálogo, amizade, fidelidade; porque suas necessidades emocionais não são satisfeitas; pelas brigas constantes ou pela falta delas gerando indiferença; e por aí vai a enorme lista de queixas, mas todas têm em comum a relação afetiva. Tudo que toca em nossa emoção... e fazendo um trocadilho: o afeto nos afeta, e profundamente, nos deixa muitas vezes sem estrutura.
Há situações no relacionamento que chegam a comprometer o trabalho, sugam a energia, nos fazem sentir sem chão, sem ar, causando uma angústia profunda e muito, muito sofrimento para um dos envolvidos ou para ambos.
O autoconhecimento, objetivo principal de qualquer processo de psicoterapia, torna-se imprescindível até para iniciar ou manter um relacionamento. Para começar a se conhecer um pouco mais, antes de começar a se relacionar ou mesmo durante o relacionamento, pense sobre valores básicos para você. Segue abaixo algumas perguntas como sugestão para sua reflexão:
1. O que é imprescindível num relacionamento afetivo para você? Carinho, atenção, confiança, compreensão, diálogo, amizade, cumplicidade, sensibilidade, empatia (ter a capacidade de se colocar no lugar do outro), atração, admiração, sinceridade, objetivos em comum, entre outros.
2. Quais são os valores que são importantes que o outro tenha e que espera coincidir com os seus? Verdade, caráter, fidelidade, etc.
3. Você pretende ter filhos? Quer alguém que os queira também ou isso é indiferente?
4. Faz diferença o estado civil da pessoa? Solteiro, divorciado, com filhos, sem filhos?
5. Como você lida com pessoas agressivas, autoritárias? Saberá se relacionar com alguém com essas características? E se for ao contrário? Uma pessoa acomodada, desmotivada?
6. O fato da pessoa morar só ou com os pais faz diferença?
7. Prefere freqüentar a casa da outra pessoa; que ela freqüente a sua, sem que você se sinta invadido; ou prefere um lugar neutro, nem de um nem de outro?
8. Ser independente financeiramente é importante? Você se incomoda, ou não, em pagar contas ou dividi-las?
9. Seguir, ou não, uma religião, crença, faz diferença? Se a pessoa crer em algo diferente do que você acredita o incomodará?
10. Antes de terem relação sexual você pensa e/ou pretende fazer exames e pedir que o outro os faça?
11. Você tem o desejo de casar ou morar junto? E se o outro não partilhar da mesma idéia?
12. Você gosta de viajar? Praia, campo?
13. Gosta de praticar esportes ou não? Gostaria de alguém para compartilhar esses momentos? Ou prefere fazê-los só?
14. Quais são seus hobbys? Pretende mantê-los, mesmo que a outra pessoa não tenha os mesmos que você?
15. E seus amigos? Você tende a se afastar ou todos poderão estar juntos?
16. Prefere cinema ou um DVD no aconchego do lar?
17. Você tem o hábito de consumir bebidas alcoólicas ou não? Como é para você se o outro não gostar ou gostar demais?
18. Quais são suas atividades preferidas para o lazer, tempo livre?
19. Prefere sair com freqüência ou ficar em casa? Quais os lugares que gosta de freqüentar?
20. Você fuma ou não? Como será conviver com uma pessoa que tem o hábito diferente do seu?
21. Quais são seus horários habituais para dormir ou acordar?
22. Gosta de ler ou não? Caso esteja sempre com um livro na cabeceira, sente vontade de trocar opinião sobre o que leu?
23. Sente necessidade de falar de seus problemas pessoais ou é mais reservado? Tem interesse pelos problemas do outro?
24. Mantém contato com sua família com freqüência? É importante que o outro participe ou não desses encontros?
25. Qual tipo de música tem preferência?
26. Você tende a ser uma pessoa dependente emocionalmente?
27. Tem controle de suas emoções? É agressivo, explode por qualquer coisa? É impulsivo, fala sem pensar nas conseqüências? Chora por qualquer motivo?
28. Quais são suas comidas preferidas? Come carne, é vegetariano, macrobiótico?
29. Gosta ou tem animal de estimação?
30. Quais são os comportamentos e atitudes que você não suporta num relacionamento?
31. Você tem consciência de suas necessidades emocionais? Quais são? Tem consciência de que algumas, só você mesmo poderá suprir?
32. Para você é importante receber elogios, demonstrações de amor, ser cuidado?
33. Sente necessidade em receber reconhecimento pelas coisas que realiza para si mesmo e/ou faz pelo outro?
34. Elogia o outro com freqüência, faz demonstrações de seu amor, seja por pequenos gestos de carinho, por verbalizações do que sente?
35. Gosta de fazer surpresas, fazer com quem o outro se sinta uma pessoa importante em sua vida?
36. Tem consciência que seu histórico de vida, assim como os relacionamentos afetivos anteriores, se não explorados e elaborados, podem interferir de forma negativa em seu atual e/ou futuro relacionamento?
Todas essas questões, e outras mais que podem surgir no meio do caminho, devem ser refletidas inicialmente por você. Por quê? Para saber quais são seus limites, até onde está disposto a ceder e/ou mudar em alguns aspectos e situações, e principalmente porque se não forem analisados podem ser fonte de conflitos futuros. Depois de obter para si mesmo as respostas sobre cada uma dessas questões, estará menos vulnerável a permitir relações com pessoas que nada tem haver com você. O mesmo vale para quem está tendo um relacionamento, afinal sempre é tempo de reavaliar a qualidade da relação, e melhorar se for o caso, para que ambos estejam satisfeitos.
Quando possível, compartilhe aos poucos essas questões com seu companheiro, caso o tenha. Raramente as pessoas pensam em questões básicas como as citadas acima, o que com o passar do tempo podem ser geradoras de discussões, distância e conseqüente separação. Isso não quer dizer que cada pessoa que vier a conhecer ou que já está se relacionando você irá com uma listinha e sair perguntando tudo isso.
São apenas sugestões para futuras conversas e, assim, evitar conflitos, além dos que já virão pela própria convivência diária, durante o relacionamento. Elas podem fazer parte de conversas que irão surgindo naturalmente, mas antes de buscar essas respostas no outro, tenha cada uma delas bem claras para si mesmo. Você talvez se torne um pouco mais exigente, o que é natural com a maturidade e as experiências adquiridas, mas com certeza terá um relacionamento mais saudável e com muito mais probabilidades de dar certo, quem sabe, eternamente!
sábado, 3 de abril de 2010
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