quinta-feira, 19 de março de 2009

Educação, liberdade e Maçonaria

Vou falar sobre educação, liberdade e maçonaria.

Citando Miguel de Cervantes Saavedra, o maior escritor da língua castelhana, que por suas obras eleva-se á categoria de um dos maiores escritores mundiais de todos os tempos: "Os historiadores devem ser precisos, verídicos e totalmente imparciais; nem o interesse, nem o medo, o ódio ou a afeição poderiam afastá-los da senda da verdade, da qual a história é a mãe, a conservadora das grandes ações, o testemunho do passado, o exemplo, o ensinamento para o presente e a advertência para o futuro."

Toda pessoa tem que receber educação, para ir tão longe quanto sua capacidade permitir. Não é suficiente que uma sociedade possua algumas pessoas muito capacitadas. Toda a sociedade tem de ter a possibilidade de formação durante toda a vida. Não basta que uma criança pobre receba alguma formação quando pequena. Ela tem que poder estudar o quanto quiser.

Tive um sonho que: apesar de todas as adversidades, seria um vencedor. Joguei fora excelentes oportunidades, por ser desprendido. Coisa que poucos fariam. Ser maçom é ser um vencedor, um empreendedor, que constrói pontes que unem e não muros que separam. O indeciso não inicia nada. Também não erra porque não realiza, nem exerce a criatividade. O vencedor avalia a situação e após iniciar um empreendimento não desiste. Nossa vida pode mudar num piscar de olhos: um acidente, uma fatalidade, uma decisão, um momento. A dimensão em que vivemos é uma centelha e a ante-sala da eternidade. Estamos próximos do sentido da vida se soubermos escutar a mensagem do espírito, olharmos para o lado e entendermos que melhor que sorrir é fazer alguém sorrir.

A maçonaria não é secreta. É discreta. Tem endereço, CNPJ, nome, telefone, os maçons reúnem-se ostensivamente. Ninguém é obrigado a ser maçom. Todo cidadão deve ser livre e a liberdade é um dos preceitos básicos da maçonaria. Se alguém quiser ser maçom, se for livre, de bons sentimentos e costumes, sincero, modesto, honrado, aceito e reunir requisitos que se supõe ser necessários, poderá sê-lo. O segredo é que ela não tem segredo. É uma escola de sábios e infinitos ensinamentos. Aprende-se, na convivência democrática, onde todos têm os mesmos direitos, de forma harmônica e evolucionista.

O que se busca? A sabedoria, a força e a beleza, em todos os seus aspectos, no dia a dia, na forma de agir, de controlar-se, de dominar-se, de pensar, de repensar, de tratar o semelhante, sem discriminá-lo. Com todos os tropeços, que ocorrem na vida de qualquer um de nós, porque não somos perfeitos, dia a dia, nos tornamos melhores. Mais tolerantes, não com a intolerância, mais aptos, capazes, determinados, conscientes, sobretudo, mais humanos. O aprimoramento de nossas faculdades, de nossas atitudes e intenções é um caminho que buscamos. Nunca iremos atingir, porque o que é bom para um nem sempre é bom para o outro. É no entendimento dessa diversidade que nos aproximamos do irmão, o reconhecemos como semelhante, buscamos o saber que tende a extinguir as chamadas verdades infalíveis, reputadas como imutáveis e sustentadas pelo princípio da autoridade, que exclui. Ensinar não é transmitir um catálogo de fórmulas definitivas, é desenvolver a aptidão para aprimorá-las, desprendendo-se de imposições e dogmas convencionais, que impedem a lógica. “Ah! Eu vou fazer porque o chefe mandou!” Não! Eu vou fazer porque a minha razão e consciência dizem que é certo, respeitadas as convenções sociais, a legislação pertinente e o direito do semelhante.

Sujeitar-se ao dever social, não significa que o Estado, a Instituição ou a Autoridade tenha o direito de impor a sua tirania ao povo. A tirania é inimiga da liberdade. Se a consciência moral considera a autoridade ilegítima, não representando os interesses coletivos, obedecer é covardia e o povo que se sujeita a isso, passivamente, atraiçoa seus sentimentos de dignidade e dever.

O dependente, servil, espera sempre o favor alheio, renunciando dirigir-se por si mesmo, como inválido, sujeitando-se a infinitas vilezas. Para o vilão, toda iniciativa é olhada com desconfiança. O justo, digno e livre exige de si, não faz coisa alguma que lhe repugne e nem se justifica culpando outros pelos seus erros.

A fórmula para se educar e ter liberdade: Viver, compartilhar idéias, ações, conhecimento e conviver harmonicamente. Isolando-se o indivíduo fecha-se e desgasta-se em sua própria miopia. As trevas da ignorância e do conformismo beneficiam o vilão. Isenta de imposição dogmática, a escola ensinará a pensar e a criar, ao invés de repetir e copiar. A dúvida sistemática é própria do espírito científico e condição para o desenvolvimento da sabedoria. Não crer no que não se pode provar e não aceitar o que não pode ser demonstrado, sendo crítico, até consigo mesmo, examinando o valor lógico das crenças, o cidadão consciente, vale-se da função de pensar. Não se converte em vassalo de suas próprias paixões ou de enganações de outros. A compreensão de si mesmo e do meio em que vive, liberta o homem de humilhantes cadeias, que cria para si mesmo e eliminam os falsos terrores que se originam da superstição, desenvolvendo o sentimento de serenidade, diante da instável harmonia de um mundo de interesses conciliados ou contrariados, que incessantemente se renova.

A educação é a arte de habilitar o homem e a mulher, para a vida social, desenvolvendo as aptidões individuais e coletivas, visando formar uma personalidade harmoniosa e fecunda. O objetivo é fazê-la intensa, no esforço, pela serena e digna satisfação de viver em uma sociedade que tenha como ideal a justiça. Para que seja completa a educação deve ser integral: física, moral e intelectual. Mais apto, quanto mais sabe e faz, mais útil para a sociedade. A educação não deverá pretender nivelar, mentalmente, as pessoas, mas ampliar a utilidade social das diferenças, estimulando e tirando proveito das aptidões de cada um. Na lógica racional a escola deverá ser a oficina para a educação das mãos e da inteligência. Livre é aquele que pensa, analisa, vê com os próprios olhos e adota a decisão que a sua consciência indica. Liberdade pressupõe entusiasmo e ousadia. Entusiasmo para pensar elevado e ousadia para realizar o planejado.

A liberdade é relativa. Não pode ser livre aquele que não educou a sua engenhosidade e abre mão de sua dignidade. O justo esquiva toda responsabilidade do mal, pois a servidão moral é o preço da nobreza indevida, que só se justifica, pela sanção do mérito. A falta de orientação, a educação deficiente ou tendenciosa, aliada á miséria e a dependência, o obtuso, desinteressado ou alienado: é instrumento de que se vale o tirano, fanático ou oportunista, para aliciá-lo, excluir sua liberdade e torná-lo submisso. Nada estabelece limites tão rígidos a liberdade do que a falta de tempo ou de dinheiro.

A história do Brasil está repleta de ações, pensamentos, influências e decisões tomadas por maçons. A Inconfidência Mineira, a Abolição da Escravatura, a Independência do Brasil, a Proclamação da República, o Espírito Liberal e outros. O maçom é aquele que ao invés de se tornar vítima das circunstâncias pode se tornar Sr. da situação.

A maçonaria é uma escola de livres pensadores que tem como preceitos, também, a igualdade e a fraternidade. Os maçons poderão assimilar os ensinamentos ou não. Enfim, são livres. A maçonaria não impõe nada. Somos voluntários. Mas, não é a "casa da mãe Joana", existe um ordenamento, regras, normas, regulamentos, regimentos, legislação, princípios e constituições. A harmonia é um dos fundamentos da ordem. Somos felizes na medida em que nos tornamos aptos e hábeis para fazer outros felizes.

Tenho que reconhecer que ao elaborar trabalhos, procurando aprimorá-los, burilando, lapidando, riscando e rabiscando, buscando o caminho da perfeição - um caminho impossível, infinito e inatingível - senti que despertava um lado que desconhecia. Estava latente, poderia estimular ou deixá-lo adormecido. Nesta interação, no viver e conviver com irmãos, aqui e no mundo profano, na troca de idéias, na ampliação do relacionamento, no dia a dia, nos erros e acertos, reconheço que sou uma parcela de cada um de meus irmãos e tenho certeza, que em cada um deles existe também algo de mim, em termos de influência e ensinamentos. O grande segredo da Sublime Ordem consiste em reconhecer o irmão, em reconhecer-se, em viver, conviver harmonicamente e entender que temos níveis, não limites.

Hoje, aqui, sinto-me pequeno. Honra-me: vossas presenças, sentar-me ao lado de tantos, tão dignos e qualificados Irmãos. Mais uma vez, honrado, agradeço-vos.

Para a glória do GADU.

* Carlos Alberto Camargo Lima, Loja União e Perseverança, GOB/GOER, Porto Velho – RO. Palavras proferidas ao tomar posse na Academia Maçônica de Letras de Rondônia.

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