terça-feira, 13 de novembro de 2012
A Violência no Brasil: a falência de uma nação (2)
A Violência no Brasil: a falência de uma nação (2)
Publicado em 14/08/2012
Enviei um e-mail a quase todos os deputados federais, com o texto “A Violência no Brasil: a falência de uma nação” em anexo. Embora sem muita convicção, espero que alguns de nossos representantes leiam o e-mail e fiquem um pouco mais preocupados com a segurança dos cidadãos.
Meu ceticismo se baseia no fato de que, dos pouco mais de 400 e-mails que enviei, recebi o retorno de quatro destinatários. Das quatro mensagens recebidas apenas uma era realmente resposta; as demais apenas prometiam verificar o assunto.
Esta única resposta adequada ao e-mail veio da assessoria do deputado Francisco Everardo Oliveira Silva, do PR-SP. Em sua mensagem, extremamente bem formulada, o assessor do deputado explica porque é impossível aprovar a prisão perpétua no Brasil: em uma de suas cláusulas pétreas a Constituição Federal proíbe explicitamente este tipo de punição.
Em tempo, o deputado Francisco Everardo é mais conhecido pelo apelido de Tiririca. O fato de ter chegado aonde chegou já indicava que o sr. Francisco Everardo é uma pessoa inteligente; o teor da resposta que recebi leva-me a crer que sabe também cercar-se de pessoas competentes…
Ficam algumas lições deste episódio:
aprendi a enviar e-mails utilizando um banco de dados como lista de destinatários;
talvez o massacre a que foi submetido o sr. Francisco Everardo pela imprensa se deva, ao menos em parte, ao secular preconceito que nossa elites tem contra as pessoas de origem mais humilde;
sobre a questão de maior rigor no combate ao crime, comentários em um próximo “post”.
Para terminar, coloco a seguir o texto do e-mail que enviei aos nobres deputados; ficou um pouco emocional, mas um tema como este sem dúvida mexe com nossos sentimentos.
>>> Texto do e-mail enviado aos deputados federais
Santa Rita do Sapucaí, 2 de agosto de 2012
Exmo. Senhor Deputado
Câmara dos Deputados
Edifício Anexo 4 – gabinete nº
Brasília DF 70160-900
Prezado Senhor
A violência é, a meu ver, o principal problema do Brasil nos dias atuais. Vivemos uma guerra civil não declarada, que tem custado a vida de centenas de milhares de cidadãos brasileiros e causado imensas perdas ao país.
Mesmo abstraindo-se o inenarrável sofrimento dos familiares, ao verem seus entes queridos tombar vítimas da sanha assassina de marginais que agem impunemente por toda a parte, a violência tem um custo altíssimo em termos econômicos. Todo o investimento que o país faz na formação de seus cidadãos é reduzido a nada se estes se tornam baixas desta guerra.
Perdi dois sobrinhos assassinados nos últimos anos. Um era um brilhante analista de sistemas, especializado em aplicações relacionadas à otimização de sistemas de comunicação eletrônica; foi morto aos 33 anos no Rio de Janeiro por um assaltante. O outro um jovem oficial do Exército, apaixonado pela carreira militar e pelo serviço à Pátria, treinado em combate na selva, hábil paraquedista, e prestes a ingressar na Escola Superior de Aperfeiçoamento de Oficiais; foi covardemente assassinado em Juiz de Fora, após desentendimento banal em um bar.
Estou convencido que reduzir a violência é a mais urgente das prioridades! É até mesmo mais prioritário do que a saúde e a educação. De que adianta a um brasileiro ser saudável e possuir boa formação profissional, se o risco de ser morto a qualquer momento é tão significativo? Somos a mais violenta entre as dez maiores economias do planeta, e também a mais violenta entre as cinco nações mais populosas; na América Latina só perdemos para a Colômbia e para a Venezuela!
No texto intitulado “A Violência no Brasil: a falência de uma nação” (em anexo e em http://joaoazevedojunior.wordpress.com/2012/08/02/807/) há uma pequena análise das estatísticas que mostram o horror que vivemos e duas sugestões para ações imediatas no âmbito legislativo, que certamente melhorariam um pouco a situação: instituir a prisão perpétua sem possibilidade de libertação para certos crimes e reduzir a maioridade penal. São medidas adotadas por países incomparavelmente mais desenvolvidos e civilizados do que o Brasil e, é evidente, com muito menos violência.
Sei que introduzir tais mudanças na legislação será tarefa dificílima, mas tenho certeza absoluta de que os parlamentares e partidos que apoiarem estas medidas terão a aprovação da quase totalidade do povo brasileiro. Vivemos no Congresso uma situação surreal, pois uma minoria de autointitulados “defensores dos direitos humanos” impede mudanças legais que poderiam diminuir a violência, esquecendo que os cidadãos honestos também são humanos e também possuem direitos, o primeiro dos quais é o direito à vida.
Acrescento ainda que se eu tinha dúvidas sobre a eficácia das medidas propostas, elas se dissiparam após ler a reportagem publicada na revista Veja nº 2278, de 11/07/2012, p. 88, sobre um matador de aluguel, responsável por quase 50 assassinatos. Na reportagem o criminoso diz com todas as letras: “A pena máxima no Brasil é trinta anos, e tem a progressão. Sei que, em poucos anos, vou sair e retomar minha vida.” E o jornalista comenta no artigo: “A certeza da impunidade foi o que sempre o moveu. Por isso, ele nunca se preocupou em cobrir o rosto ou matar suas vítimas em locais isolados.”
É inadmissível, intolerável e insuportável! Infelizmente, parece nos faltar, como povo, a fibra para fazer o que precisa ser feito. Mas, até quando seremos conduzidos como gado ao matadouro? Quando uma liderança política terá a coragem de encampar esta luta que deveria ser de todos os homens de bem, pois se trata de defender o que temos de mais precioso: a vida, nossa e de nossos entes queridos?
Como cidadão brasileiro, peço encarecidamente ao nobre Deputado que reflita sobre o tema e tente fazer alguma coisa, antes que sua própria família passe pelo sofrimento imenso que a minha tem passado.
Atenciosamente
Eng. João Batista de Azevedo Júnior
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